Liberdade de imprensa e segurança de jornalistas
Entrevista com Cristina Zahar, coordenadora para América Latina e Caribe do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), organização global baseada em Nova York. Integrante da RAI, Cristina conta sobre a experiência de participar das formações do IDDH em 2022, quando era secretária executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e da sua motivação para lutar pela liberdade de imprensa e do acesso a informações na América Latina.
IDDH: O que te faz ser uma defensora dos Direitos Humanos?
Cristina Zahar: Sou jornalista e gestora com mais de 30 anos de experiência. Não me via como defensora de Direitos Humanos até começar o trabalho como secretária executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em 2018. Aos poucos, fui me reconhecendo nesse papel de defensora, sobretudo quando comecei a me envolver mais nas ações de advocacy.
IDDH: Quais pautas você defende?
Cristina Zahar: Liberdade de imprensa, proteção e segurança de jornalistas.
IDDH: Qual a sua trajetória pessoal/profissional relacionada a essa agenda?
Cristina Zahar: Comecei a trabalhar com essa agenda em 2018, quando assumi o cargo de secretária executiva da Abraji. Em julho de 2023 saí da Abraji e segui trabalhando com essa causa no Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), agora a nível regional.
IDDH: O que atualmente representa defender os Direitos Humanos no Brasil?
Cristina Zahar: Defender os Direitos Humanos em um país desigual como o Brasil é um desafio permanente. Mas nos quatro anos do governo Bolsonaro esse desafio foi ainda mais intenso, dado o desmonte premeditado das instituições e a degradação dos Direitos Humanos no país. O desrespeito e o ataque permanente à imprensa e aos jornalistas fizeram as organizações que atuam nesse campo trabalharem sem cessar, como foi o caso da Abraji, tanto documentando as violações, como fazendo incidência para garantir um ambiente de trabalho seguro para os jornalistas no país.
IDDH: O que é e como fazer advocacy nacional e internacional? Teria alguma dica para quem está começando?
Cristina Zahar: A primeira dica é conhecer, fazer cursos, se informar. A segunda é estar em uma organização que tem o advocacy como um de seus pilares ou ao menos quer investir nele. A terceira é colocar a mão na massa e aprender.
IDDH: Poderia nos contar sobre alguma atividade de incidência realizada que resultou positivamente na agenda defendida por você e sua organização? O que foi a atividade e porque escolheram tal estratégia?
Cristina Zahar: Ter feito o curso básico de advocacy da ONU, do IDDH, me ajudou a entender melhor os mecanismos internacionais, como a Revisão Periódica Universal (RPU). Foi quando soube que o Brasil estava passando pelo processo em 2022 e achei que a Abraji poderia contribuir com informações sobre o estado da liberdade de imprensa e do acesso a informações no país. Inscrevi-me para participar das Pré-sessões da RPU, em agosto de 2022, e acabei escolhida, junto com mais 5 organizações brasileiras, para falar na ONU em Genebra sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil. Foi uma experiência incrível.
IDDH: Atualmente, como tem sido a experiência com a RAI?
Cristina Zahar: No CPJ, estou tendo a oportunidade de aprender com o time internacional de advocacy para poder trabalhar com incidência no nível regional, na América Latina e no Caribe, onde sou a coordenadora.