Para a professora e ativista de direitos humanos Helena de Souza Rocha, o “respeito pelo próximo” tem servido como uma espécie de bússola, que orienta sua vida e suas escolhas desde muito cedo.
Relembra a escola, onde teve a primeira imersão neste que afirma ser um “valor” que carrega consigo, como uma segunda casa, onde se sentia aceita, acolhida, mas, sobretudo, parte de algo. Por isso, no que diz respeito à forma como iniciou sua relação com a educação, reflete que o grande marco não foi seu mérito acadêmico – muito embora tenha sido uma boa aluna -, mas a forma pela qual este princípio lhe foi apresentado ainda na infância.
Em relação à graduação em Direito, Helena brinca que foi motivada por circunstâncias que, de um lado, impediram-na de se tornar psicóloga – neste caso, sua mãe – e, e de outro, jornalista – já que, segundo sua professora de redação, as linhas editoriais dos principais meios de comunicação da época não se adaptariam à independência literária da futura acadêmica -.
Assim, tendo sido “escolhida pelo curso”, conta que a experiência universitária foi determinante para a formação de uma consciência crítica a respeito da realidade social, que lhe permitiu entender o Direito como um instrumento de transformação e de promoção de direitos.
Foi esta conclusão que a motivou, apesar de a temática ser bastante incipiente no Brasil dos anos 2000, a optar por atuar na área de Direitos Humanos, e foi a partir do mestrado em Direito Internacional dos Direitos Humanos na Universidade de Essex no Reino Unido (2006) e do trabalho como fellow na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que Helena mergulhou inteiramente neste universo.
Sua trajetória profissional é marcada por experiências significativas, mas a atuação como Advogada junto ao Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e a docência, sem sombra dúvida, têm um lugar especial neste processo.
Helena transita entre as “personas” de ativista e professora sem se desprender da realidade. Como ativista, acredita que é preciso ir além do que está documentado em papéis para compreender o contexto de vida das/os afetadas/os pelas políticas de promoção dos Direitos Humanos. No seu caso, a construção deste diálogo só foi possível trazendo estas realidades para perto de si e, por isso, lembra-se de sua atuação no CEJIL com muito afeto, dizendo que ali, em 5 anos, aprendeu mais do que teria aprendido em 15 anos de academia. Como professora, esta experiência sempre foi e continua sendo indispensável para sua construção e crescimento como militante e indivíduo.
A história de Helena com o Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH), de outro lado, iniciou em Recife/PE no ano de 2007, em uma reunião promovida pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP) para debater estratégias de monitoramento do Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Participava do evento representando o CEJIL, quando conheceu Fernanda Brandão Lapa, Conselheira Executiva do IDDH, e conta que a simpatia foi imediata, especialmente em razão do compartilhamento de pontos de vista sobre o que acreditavam em termos de políticas de implementação e monitoramento dos Direitos Humanos e o papel da educação neste processo.
Este primeiro contato alicerçou as bases de uma parceria que resultou na participação de Helena em vários Cursos Avançados de Direitos Humanos (CADHs) promovidos pelo IDDH (inicialmente como representante do CEJIL e depois como docente atuante na área de Direito Internacional dos Direitos Humanos), na Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCA) e outros inúmeros projetos.
Mas mais do que isso, para Helena, o trabalho do IDDH sedimentou sua crença na educação enquanto um instrumento fundamental para a construção de uma cultura de Direitos Humanos, capaz de promover mudanças concretas no âmbito social.
Perguntada sobre o seu maior desejo para o futuro, Helena se mantém firme naquele valor fundamental, que carrega consigo desde pequena: o respeito.
A professora, ativista e amiga do IDDH acredita que se as pessoas vislumbrassem o outro enquanto um ser semelhante a si, merecedor de direitos e respeito, caminharíamos muito melhor em nossa trajetória neste planeta. Anseia, por isso, que um dia o respeito seja o orientador de todas as nossas ações enquanto humanidade.