Iradj Eghrari, professor universitário, consultor, sócio-fundador da Ágere Cooperação em Advocacy e parceiro do IDDH publicou hoje texto sobre o motivo pelo qual as empresas devem adequar-se às políticas de direitos humanos nos dias de hoje.
“O que força uma empresa a seguir uma política de direitos humanos são os Stakeholders (público estratégico, que tem investimento ou ações de uma empresa). Ninguém está mais disposto a associar seu nome a um negócio que viola os direitos humanos.”
Confira abaixo o texto na íntegra.
Alma do negócio é o espírito da empresa, diz consultor
Missão e valores devem ser constantemente lembrados pelo “CSO” aos funcionários
Toda a empresa, quando criada, nasce com visão, missões e valores definidas pelo seu fundador. Essas questões devem estar presentes na alma do negócio e então, consequentemente, ser de conhecimento dos funcionários.
Entretanto, na maioria das vezes, esses princípios se perdem ao longo do tempo e é quando surge a figura do Chief Spiritual Officer (CSO, em português executivo-chefe espiritual), um consultor empresarial que trabalha o espírito da empresa em todos seus segmentos para resgatar esses conceitos.
“O que mais vemos no mercado são empresas que perdem a sua razão de ser e se entregam selvagemente ao mercado. Quem age assim não sobrevive”, afirma Iradj Eghrari, CSO há 30 anos.
Hoje, o carioca filho de iranianos encontra-se radicado em Brasília. Ele explica que a função do consultor não é ser um corregedor, com objetivo de procurar erros e falcatruas.
Mas, sim, buscar extrair de grandes executivos e donos de empresas de pequeno e médio port e os princípios que se perderam ao longo do tempo para que possam ser levados às outras esferas do negócio e executados por funcionários.
“Será que na Petrobras, por exemplo, havia alguém que falava sobre visão ou missão a cumprir? Independente de qualquer mecanismo de controle para evitar os desvios? O presidente não teve tempo de manter o espírito da empresa, porque está constantemente preocupado com os negócios. Aparentemente, manter a coerência e coesão de um empreendimento não é uma prioridade e, por isso, a empresa se perde”.
Iradj comenta que geralmente essa dissonância entre o que pensamos executivos e como agem os funcionários gera uma série de conflitos que costumam terminar em demissões, muita rotatividade e baixa produtividade.
“O empresário precisa se perguntar onde é que nascem esses problemas e porque existem. Caso contrário ele começará a cobrar um conjunto de valores que não são compreendidos ou nunca foram falados a ninguém. Consequentemente, entrará em uma dimensão de conflitos com desligamentos de profissionais e a empresa em dificuldades”.
Em conversa com esse executivo, Iradj diz entender completamente o que quer passar como princípios. O problema é que os empregados não consegue entender. “É fácil fazer com que entendam. Se ele investir um dia de trabalho da equipe para que os empregados conheçamos valores do negócio, e o empresário os deles, essa tensão termina”.
Direitos Humanos
Outro assunto muito debatido dentro das empresas hoje é a questão dos direitos humanos. Esse trabalho é fundamental para o sucesso de um negócio. “Não é que agora todos querem ser bonzinhos, mas as empresas, por conta do Global Reporting Initiative (GRI – avalia a sustentabilidade e responsabilidade de um empreendimento), precisam estar bem alinhadas com as políticas de direitos humanos”.
Segundo ele, isso é necessário para que tenham um retorno, principalmente no caso das grandes corporações. “O que força uma empresa a seguir uma política de direitos humanos são os Stakeholders (público estratégico, que tem investimento ou ações de uma empresa). Ninguém está mais disposto a associar seu nome a um negócio que viola os direitos humanos”.
O consultor afirma que hoje vai se desenvolver mais aquele que atuar dentro da legalidade. “Fui contratado por uma empresa de médio porte. O dono dizia que não aguentava mais receber intimação e ter fiscais pegando no pé. Perguntei se ele atuava dentro da legalidade. Ele riu, e disse: se trabalhar na legalidade quebro.
Questionei o empresário: e se você fizer tudo dentro da legalidade e perceber que não quebra, pelo contrário se fortalece, porque despende muita energia e recursos com ficais e Justiça? Dez anos depois ele é líder do mercado, o faturamento aumentou.
Por Iradj Roberto Eghrari – Mestre em engenharia eletrônica pela PUC/RJ (1982). Gerente-executivo da Ágere Cooperação em Advocacy, membro do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, órgão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil; membro do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil e secretário Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo da Comunidade Bahá´í do Brasil.
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