Paulo Freire ameaçado de expurgo

50 anos da Pedagogia do Oprimido

2018 é um ano importante pois essa obra de Paulo Freire completa 50 anos.

O primeiro texto da Pedagogia do Oprimido não é e não tem a pretensão de ser definitivo, pelo contrário, o próprio autor anunciou ter escrito uma introdução à pedagogia do oprimido. Seu principal objetivo foi criar uma pedagogia que reconhecesse e respeitasse a realidade de cada educando(a). Para Freire, não fazia sentido a educação bancária e conteudista que não reconhecia o(a) educando(a) como sujeito do processo educativo, dotado de direitos e conhecedor de sua própria realidade.

Ele mesmo escreveu várias pedagogias a partir desta primeira, todas visando uma humanidade una e ao mesmo tempo diversa. Muitos dizem que o verdadeiro legado Freiriano foi a utopia de imaginar um mundo melhor, mas num sentido possível e que pode e deve ser construído a cada dia, por cada um(a) de nós.

Por que a pedagogia de Freire é tão importante? Dentre vários aspectos, destacamos que ela busca considerar a realidade de cada educando(a), para que o processo ensino-aprendizagem seja significativo e não apenas uma transferência de conhecimentos do(a) professor(a) para o(a) aluno(a). Afinal, como escreveu Freire, “ninguém tudo sabe, ninguém tudo ignora.”

Para Freire, aprender e ensinar são partes de um mesmo processo, pois “onde se ensina, aprende-se ao ensinar. Onde se aprende, se ensina ao aprender.” Portanto, o educar não é sobre transferir conteúdo ou mesmo conhecimento, mas sim, sobre criar condições de aprendizagem para educadores(as) e educandos(as).

Logo, a pedagogia do oprimido tem esse nome porque parte do(a) realidade de opressão do(a) educando(a), enxergando a educação em seu caráter emancipatório e político. Emancipatório porque libertador e político porque reconhece que, emancipando e libertando o pensamento é possível conscientizar as pessoas e torná-las críticas e transformadoras de suas realidades. Até porque não é possível transformar aquilo que não se conhece.

Assim como Milton Santos, que afirmou ser necessário “ler o mundo hoje porque é preciso não se conformar com ele e construir um outro mundo”, a pedagogia Freiriana entende ser necessária essa tomada de consciência para a construção de um mundo mais justo, mais sustentável, melhor em todos os sentido e para todos(as).

Conhecendo os princípios e bases da pedagogia Freiriana fica fácil liga-la à educação em direitos humanos. Esta, que pressupõe a educação sobre, por meio e para os direitos humanos. Sobre, para que saibamos quais são os direitos humanos, por meio, porque o processo educativo precisa ocorrer num ambiente que respeite esses direitos e para, visa que educandos(as) tenham papel ativo na defesa dos direitos humanos.

Respaldado pela legislação nacional e internacional, o IDDH entende que, entre os direitos humanos e a educação, há uma relação indissociável. Sua missão é promover a educação para a cidadania e em direitos humanos como meio de combater violações de direitos e fortalecer a democracia no Brasil, pois, além de ser um direito humano em si, a educação é um processo indispensável para a efetivação dos demais direitos.

2018 tem sido um ano de muitas mudanças em nosso país e, infelizmente, novamente a obra de Freire está sendo questionada e ameaçada de expurgo. Por esta razão, o Instituto Paulo Freire – IPF, uma organização não-governamental com 27 anos de existência, que desenvolve várias ações de formação, pesquisa e divulgação do legado de Paulo Freire, lançou uma campanha em prol da defesa de sua obra, por toda a sua importância para a educação no Brasil e no mundo.

Nós, do IDDH, promovemos e educação em direitos humanos e, por isso, acreditamos na educação como ferramenta de libertação e de transformação social. Os ideais de Paulo Freire nada mais são do que os ideias democráticos, de respeito à dignidade humana, valorização da diversidade, redução das desigualdades, promoção de justiça social, contra toda forma de violência etc.

Conforme expõe o IPF, “Paulo Freire sempre se opôs à doutrinação, à manipulação. Defendia o diálogo de saberes: o saber científico, o saber sensível, o saber técnico, tecnológico, o saber popular, sem discriminação, respeitando e valorizando a diversidade e os direitos humanos. Como um ser humano conectivo, esperançoso, jamais deixou de acreditar na capacidade da humanidade de criar ‘um mundo em que seja menos difícil amar’, como escreveu, no exílio, em 1968, no final de seu livro mais conhecido: ‘Pedagogia do oprimido’.”

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Links interessantes e referências

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