Organizações da sociedade civil emitem declaração conjunta na 34ª Reunião de Altas Autoridades de Direitos Humanos do Mercosul (RAADH).
A declaração apresenta o repúdio da sociedade civil brasileira em razão das medidas de criminalização e desmoralização da organização não-governamental, Projeto Saúde e Alegria e às prisões dos integrantes da Brigada de Incêndios de Alter do Chão.
Leia abaixo o texto na íntegra:
DECLARAÇÃO CONJUNTA
 34ª REUNIÓN DE ALTAS AUTORIDADES EN DERECHOS HUMANOS DEL
 MERCOSUR (RAADH)
 Apoio à organização não-governamental, Projeto Saúde e Alegria e às Brigadas de Incêndios de Alter do Chão
As organizações da sociedade civil subscritoras vêm expressar preocupação com os recentes episódios de criminalização das organizações da sociedades civil, ativistas e defensores e defensoras de direitos humanos no Brasil e manifestar total repúdio às medidas de criminalização e desmoralização da organização não-governamental, Projeto Saúde e Alegria e às prisões de Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner integrantes das Brigadas de Incêndios de Alter do Chão – movimento criado em 2018 pelo instituto Aquífero Alter do Chão com o objetivo de combater as queimadas na região.
As prisões fizeram parte da Operação Policial Fogo de Sairé criada para investigar incêndios em Alter do Chão. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos voluntários e os acusa de iniciar focos de incêndio para depois combatê-los e arrecadar fundos  enviados por entidades internacionais. Na mesma ocasião, foram apreendidos documentos e equipamentos da organização não-governamental Projeto Saúde e Alegria, que atua no fornecimento de serviços de saúde para população local há mais de 30 anos. A operação de busca e apreensão realizada por policiais fortemente armados já resultou no comprometimento da continuidade do importante trabalho da organização no campo da saúde na região. Os brigadistas foram soltos no último dia 28 de novembro, contudo a manutenção do processo investigatório, que desde o início se deu com base em um conjunto probatório ínfimo e sem a devida transparência, violam as garantias e direitos de defesa dos investigados.
Vale ressaltar que a investigação instaurada pela Polícia Federal desde o final de agosto para descobrir os responsáveis pelo “Dia do Fogo” na Amazônia não possui nenhuma organização não-governamental entre os suspeitos. Nem a Brigada de Incêndio de Alter do Chão nem a ONG Saúde e Alegria são investigadas ou consideradas suspeitas pela Polícia Federal.
Esse caso além de ser uma flagrante violação de direitos fundamentais dos envolvidos  demonstra também a tentativa de fragilização de um ambiente em que as organizações da sociedade civil possam participar de forma livre de assuntos de evidente interesse público. Nesse sentido, clamamos aos atores internacionais preocupados com a defesa e garantia de direitos humanos para manifestar apoio a este e a tantos outros casos que, inseridos em um contexto maior de restrição do espaço cívico e democrático, criminalizam a atuação da sociedade civil organizada e violam as liberdades civis no  Brasil.
Assinam a declaração:
 Artigo 19 – Brasil
 Justiça Global – Brasil
 Terra de Direitos – Brasil
 Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) – Argentina
 Conectas direitos humanos – Brasil
 Centro pela Justiça e Direito Internacional (Cejil) – Brasil
 World Wide Fund for Nature (WWF) – Brasil
 Projeto Saúde e Alegria (PSA) – Brasil
 Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) – Brasil
 Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social – Brasil
 Coletivo Margarida Alves – Brasil
 Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR) – Brasil
 Comitê Brasileiro de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos – Brasil
 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – Brasil
 Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) – Brasil
 Instituto de Estudos da Religião (ISER) – Brasil
 Instituto Sou da Paz – Brasil
 Comitê de Migrações e Deslocamentos da Associação Brasileira de Antropologia – Brasil
 Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP) – Brasil
 Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (Iddh) – Brasil
 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – Brasil
 International Rivers – Estados Unidos da América
 Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) – Brasil
 Aprendiz – Brasil
 Plataforma Brasileira de Direitos Humanos – Dhesca Brasil
 Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) – Brasil
 Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) – Brasil
 União Brasileira de Mulheres (UBM) – Brasil
 Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – Brasil
 Instituto Vladmir Herzog – Brasil
 Instituto Pro Bono – Brasil
 Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) – Brasil
 Laboratório de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro
 (LADIH) – Brasil
 Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil (Unisol) – Brasil
 Sociedade Beneficente e Cooperativista Cristo Redentor – Brasil
 Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária (CEAPAC) – Brasil
 Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados Brasil – Brasil
 Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) – Brasil
 Associação de Moradores De Vila Pacal (AMVIPA) – Brasil
 Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) – Brasil
 Marcha Mundial por Justiça Climática, Sustentabilidade e Contra o Aquecimento
 Global – Marcha Mundial do Clima – Brasil
 Associação das Famílias da Casa Familiar Rural do Município de Belterra – Brasil
 Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia (MNCCD) – Brasil
 Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social – Brasil
 Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) – Brasil
 Instituto Update – Brasil
 Movimento Moleque – Brasil
 Política Viva – Brasil
 Transparência Brasil
