Incidência Internacional
23/09/2025
Entre a crise do multilateralismo e o esperançar

A crise atual da ONU e do sistema multilateral não deve ser lida apenas como um impasse, mas como uma oportunidade de transformação. Se o financiamento e a legitimidade política estão em risco, é preciso renovar não apenas estruturas, mas também lideranças.

A 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (HRC60), realizada em Genebra, expôs com nitidez os sintomas da crise que atravessa o multilateralismo, mas também revelou sinais de resistência, ação e compromisso.

Em um presente marcado por conflitos armados, emergência climática e desigualdades crescentes, a ideia de que não há espaço para cooperação global pode abrir terreno para soluções unilaterais que aprofundam as desigualdades e corroem a proteção de direitos.


Somado a isso, as disputas geopolíticas, o fortalecimento de nacionalismos, a desconfiança quanto à legitimidade das instituições e, sobretudo, a grave crise financeira que compromete a capacidade de operação da ONU e da própria sociedade civil organizada colocam em xeque não apenas o futuro da governança internacional, mas valores fundamentais do direito internacional.

O risco é que a sensação de paralisia e impotência coletiva substitua a aposta na cooperação, na solidariedade e no diálogo.

Diante disso, a crise deixa de ser mero problema técnico ou institucional para se apresentar como um chamado à ética. É aqui que o legado de Paulo Freire, cujo aniversário celebramos neste mês, oferece uma chave de leitura. Esperançar não é ilusão, tampouco resignação, é agir de forma consciente, informada e comprometida com a justiça social.

Estar na 60ª sessão do Conselho, seja como observador, ativista, educador ou defensor de direitos humanos, significa insistir em denunciar violações, ineficiências, incoerências e cortes orçamentários. Também significa contribuir para fortalecer normas, exigir transparência, visibilidade e acesso aos processos decisórios.

Foi nesse espírito que o Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH) marcou presença em Genebra. Em diálogo e atuação conjunta com outras organizações da sociedade civil, como as que integram o Coletivo RPU Brasil, e com defensoras/es selecionadas/os no edital ECOAR, optamos por um posicionamento firme: transformar a desesperança em ação.

A crise da ONU e do sistema multilateral não deve ser lida apenas como um impasse, mas como uma oportunidade de transformação. Se o financiamento e a legitimidade política estão em risco, é preciso renovar não apenas estruturas, mas investir na formação de lideranças capazes de se indignar com as violências e de se adaptar às mudanças.

Apostar na Educação em Direitos Humanos e na formação de defensores/as é apostar no esperançar freireano: no gesto coletivo de reconstruir pontes e criar caminhos para um multilateralismo capaz de responder às urgências do presente e aos direitos das futuras gerações. É a isso que o IDDH se dedica.

Que a crise não nos leve ao silêncio, mas ao engajamento renovado.

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Entre a crise do multilateralismo e o esperançar

A crise atual da ONU e do sistema multilateral não deve ser lida apenas como um impasse, mas como uma oportunidade de transformação. Se o financiamento e a legitimidade política estão em risco, é preciso renovar não apenas estruturas, mas também lideranças.

A 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (HRC60), realizada em Genebra, expôs com nitidez os sintomas da crise que atravessa o multilateralismo, mas também revelou sinais de resistência, ação e compromisso.

Em um presente marcado por conflitos armados, emergência climática e desigualdades crescentes, a ideia de que não há espaço para cooperação global pode abrir terreno para soluções unilaterais que aprofundam as desigualdades e corroem a proteção de direitos.


Somado a isso, as disputas geopolíticas, o fortalecimento de nacionalismos, a desconfiança quanto à legitimidade das instituições e, sobretudo, a grave crise financeira que compromete a capacidade de operação da ONU e da própria sociedade civil organizada colocam em xeque não apenas o futuro da governança internacional, mas valores fundamentais do direito internacional.

O risco é que a sensação de paralisia e impotência coletiva substitua a aposta na cooperação, na solidariedade e no diálogo.

Diante disso, a crise deixa de ser mero problema técnico ou institucional para se apresentar como um chamado à ética. É aqui que o legado de Paulo Freire, cujo aniversário celebramos neste mês, oferece uma chave de leitura. Esperançar não é ilusão, tampouco resignação, é agir de forma consciente, informada e comprometida com a justiça social.

Estar na 60ª sessão do Conselho, seja como observador, ativista, educador ou defensor de direitos humanos, significa insistir em denunciar violações, ineficiências, incoerências e cortes orçamentários. Também significa contribuir para fortalecer normas, exigir transparência, visibilidade e acesso aos processos decisórios.

Foi nesse espírito que o Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH) marcou presença em Genebra. Em diálogo e atuação conjunta com outras organizações da sociedade civil, como as que integram o Coletivo RPU Brasil, e com defensoras/es selecionadas/os no edital ECOAR, optamos por um posicionamento firme: transformar a desesperança em ação.

A crise da ONU e do sistema multilateral não deve ser lida apenas como um impasse, mas como uma oportunidade de transformação. Se o financiamento e a legitimidade política estão em risco, é preciso renovar não apenas estruturas, mas investir na formação de lideranças capazes de se indignar com as violências e de se adaptar às mudanças.

Apostar na Educação em Direitos Humanos e na formação de defensores/as é apostar no esperançar freireano: no gesto coletivo de reconstruir pontes e criar caminhos para um multilateralismo capaz de responder às urgências do presente e aos direitos das futuras gerações. É a isso que o IDDH se dedica.

Que a crise não nos leve ao silêncio, mas ao engajamento renovado.